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Uma família de componentes químicos muito utilizados para revestir panelas e embalagens de alimentos pode diminuir a eficácia de vacinas em crianças. É o que mostra um estudo divulgado ontem pela revista científica Journal of the American Medical Association (Jama).
Há muitos anos, cientistas suspeitavam de que os compostos perfluorados (PFCs, na sigla em inglês) poderiam causar algum tipo de problema à saúde das pessoas. Um artigo publicado em 2009 na Environmental Science and Technology, por exemplo, demonstrava a concentração desses compostos no sangue de voluntários. Mas ainda não sabiam se eles poderiam causar algum dano à saúde.
Os cientistas acompanharam 587 crianças durante sete anos. Mediram a presença dos compostos perfluorados no seu sangue ao nascer e, mais tarde, aos 5 e 7 anos de idade. Também avaliaram a quantidade de anticorpos produzidos por vacinas contra o tétano e a difteria (mais informações nesta página).
Ficou claro que existia uma relação direta entre a concentração da substância e respostas insuficientes às vacinas. Uma concentração duas vezes maior dos perfluorados no sangue foi relacionada a uma diminuição de 49% nos níveis de anticorpos no sangue em crianças com 7 anos.
“Ficamos realmente surpresos com os resultados, que sugerem que os PFCs são mais tóxicos para o sistema imunológico que a exposição às dioxinas (outro poluente orgânico)”, afirma Philippe Grandjean, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard e coautor do trabalho publicado na revista científica Jama.
Os perfluorados são cobiçados pela indústria têxtil e de alimentos, pois repelem gorduras e água. Servem, por exemplo, para produzir roupas impermeáveis ou resistentes a manchas, além de embalagens para alimentos – especialmente fast-food – e revestimentos de panela – como teflon. Também são utilizados pela indústria química como agentes secundários em processos industriais de outros produtos.
No Brasil. A química Isabel Moreira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), também pesquisa PFCs. Recentemente, sua aluna Natalia Quinete identificou esses compostos em amostras de água potável de diversas cidades fluminenses, em águas fluviais e em animais marinhos – como moluscos da Baía de Guanabara e peixes.
Isabel considerou muito positiva a pesquisa do Jama. “Há poucos estudos mostrando os problemas de saúde que essas substâncias podem causar”, afirma a química. “Além disso, há poucas pesquisas no País sobre esse tema, pois ainda não temos equipamentos para identificar essas substâncias com facilidade.”
fonte:Estadão.com.br