Muito se tem falado sobre o sal gema devido as últimas ocorrências em Maceió, onde uma das minas desse sal está na eminência de afundar um área residencial de tamanho considerável.
Vamos entender melhor o que o sal gema e como ele é extraído e utilizado.
SAL GEMA
O sal-gema é um minério extraído de rochas que ficam a mais de mil de metros de profundidade no solo. Ele se forma ao longo de milhares de anos, a medida em que alguns pontos do oceano evaporam gradativamente.
No caso das minas em Alagoas, ele é retirado em um processo de dissolução. A empresa cava um poço na profundidade onde está o minério, cerca de 1,2 mil metros. Em seguida, injeta água, formando uma salmoura. Depois, essa solução é retirada para a superfície para a extração do sal.
Assim como a água do mar é represada em tanques, para que a água evapore e o sal seja recolhido, essa solução retirada das cavernas é colocada em locais para que água evapore.
Ao contrário do gema, o marinho é encontrado em menores quantidades. Para efeito de comparação, na água do mar, é possível tirar 30 gramas de sal por litro na dissolução que faz a coleta do sal marinho. No sal-gema, a quantidade é dez vezes maior, de 300 gramas por litro.
Em geral, o sal-gema não é usado na cozinha. No entanto, o sal rosa do Himalaia, que já foi moda nas dietas, é um tipo de sal-gema.
O sal rosa do Himalaia é extraído de camas cristalizadas de sal cobertas com lava vulcânica há 200 milhões de anos. Sendo mantido nesse ambiente isolado, o sal do Himalaia é isento de agentes poluentes. Ele contém os mesmos 84 minerais que são encontrados no corpo humano, como cloreto de sódio, sulfato de cálcio, potássio, magnésio e outros. Por ser menos refinado – e manter seus cristais e flocos maiores -, o sal do Himalaia entrega uma quantidade menor de sódio por porção do que o sal branco de mesa.
Denomina-se por sal-gema o cloreto de sódio, acompanhado de cloreto de potássio e de cloreto de magnésio, que ocorre em jazidas na superfície terrestre. Pertence ao grupo das rochas sedimentares, mais especificamente às rochas sedimentares quimiogênicas, evaporitos, devido a ser formado por reações químicas.
Indústria
Inicialmente, a exploração em Maceió se voltou para a produção de dicloroetano, substância empregada na fabricação de PVC. Não por acaso, desde que inaugurou em 2012 uma unidade industrial na cidade de Marechal Deodoro, vizinha a Maceió, a Braskem se tornou a maior produtora de PVC do continente americano. Outras indústrias, como a de celulose e de vidro, também empregam o sal-gema em seus processos.
A exploração de sal-gema, como outros minerais, depende de licenciamento ambiental. A exploração é fiscalizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). No mercado internacional, o Brasil é um ator relevante. Segundo dados da ANM, foram 7 milhões de toneladas em 2002. O ranking do ano passado, no entanto, mostra que os três líderes mundiais têm produção muito mais robusta que todos os demais: China (64 milhões de toneladas), Índia (45 milhões) e Estados Unidos (42 milhões).
Escavação
A exploração em Maceió envolvia a escavação de poços até a camada de sal, que pode estar há mais de mil metros de profundidade. Então, injetava-se água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura. Em seguida, usando um sistema de pressão, a solução era trazida até a superfície. Ao fim da extração, esses poços precisam ser preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo.
O problema em Maceió ocorreu por vazamento dessa solução líquida, deixando buracos na camada de sal. Uma hipótese já levantada por pesquisadores é de que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região. Consequentemente, a instabilidade no solo levou a um tremor de terra sentido em março de 2018. O evento causou os afundamentos nos cinco bairros: Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
Com novos tremores e o surgimento de rachaduras em casas e ruas, a Braskem anunciou o fim da exploração das minas em maio de 2019. A petroquímica diz que já foi pago R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para moradores e comerciantes desses bairros. Uma parcela dos atingidos busca reparação através de processos judiciais. O caso também é discutido em ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF).
A diferença entre o sal gema e o sal de cozinha é que o sal que a gente usa para tempero vem da água do mar. Ela evapora e vira sal. No caso do sal gema a evaporação começou 120 milhões de anos. As camadas levaram cerca de 500 mil anos para serem formadas naturalmente. Segundo as pesquisas o sal-gema é encontrado no mundo todo. As jazidas achadas no Espírito Santo estão em camadas com até 2 mil metros de profundidade e apresentam boa pureza.
Enquanto o sal marinho é geralmente usado no consumo humano e de animais, o sal-gema, que existe em quantidades maiores, é empregado principalmente na indústria química.
Ele é usado na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio; na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, como sabão, detergente e pasta de dente. É empregado também no tratamento da água e nas indústrias têxtil e na fabricação de armas.
A extração é feita de duas formas: quando as camadas estão mais na superfície o sal é tirado com maquinário no subsolo. Mas se estiver mais para o fundo usa-se um sistema parecido com os poços de petróleo. Injeta água, dissolve o sal e bombeia. Esse foi o sistema recomendado para o Espírito Santo nas pesquisas da Petrobrás, Enquanto a água do mar tem 30 gramas de sal por cada litro, o sal gema tem 300 gramas por litro, ou seja 10 vezes mais. Apesar de ter grandes jazidas o Brasil não produz nem 3 por cento do que a China produz.
INFOGRÁFICO DO EXTRAÇÃO DO SAL GEMA:
A QUE PROFUNDIDADE FICA O SAL GEMA?
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/A/0/BKhRhiTqGYKuH6W42EKg/afundamento-solo-maceio-al.jpg)
Pesquisas:
https://g1.globo.com/ciencia/noticia/
https://agenciabrasil.ebc.com.br/
Wikipédia
